terça-feira, 18 de novembro de 2014

Cartazes prontos: hora da divulgalção!

É com muita satisfação que apresento o resultado do nosso trabalho. Meus queridos alunos do 8º ano estão de parabéns pela dedicação e realização de uma campanha tão bonita. Para saber mais sobre todo o percurso que traçamos até aqui, é só navegar pelo BLOG. Compartilhem essa ideia, divulguem nas escolas. Precisamos de uma educação comprometida com a construção de uma sociedade justa e igualitária para todas e todos! 

Confiram abaixo os cartazes que compõem nossa campanha. #IgualdadeDeGêneroNaEscola.

















Mais reescrita e mais fotos

Essa aula foi dedicada a uma última reescrita dos textos para a confecção dos cartazes. Além disso, tiramos mais um série de fotografias, relembrando a importância da relação entre a linguagem verbal e a não verbal. Chamei atenção para que as poses fotografadas fossem sugestivas àquilo que estava sendo afirmado no texto, já que é necessário estabelecer essa ligação de sentidos.

Nesse momento da sequência didática, senti a necessidade de orientar individualmente cada aluno, inclusive, através do Facebook. Alguns enviavam seus textos digitados e eu os reenviava com as orientações cabíveis. O fator internet foi um grande facilitador tanto no processo de correção dos textos, quanto no de discussão das temáticas, já que frequentemente atualizávamos um grupo do Facebook intitulado "Grupo Igualdade de Gênero - 8º ano, Murilo Braga", onde discutíamos questões relacionadas à temática, além de alimentar este espaço com informações essenciais para formular bons argumentos que envolvessem as relações desiguais de gênero. 

Grupo Igualdade de Gênero - 8º ano, Murilo Braga
 

Wanessa fazendo pose.

Larissa fazendo pose.

Reescrita das produções e sessão de fotos

Como sabemos, a produção textual caracteriza um processo sempre inacabado. Por melhor que seu texto esteja, sempre há formas de melhorá-lo, de reinventá-lo. 

Partindo desse princípio, redistribuí as produções iniciais com as devidas observações, visando o aprimoramento dos textos argumentativos que seriam expostos nos cartazes. 

Para facilitar esse momento de reescrita, recapitulei, na lousa, os principais temas e informações que abordamos em sala referentes à igualdade de gênero.

Utilizando exemplos dos próprios textos dos alunos, revisei, ainda, as características do texto argumentativo, bem como a importância de manter a coesão e coerência dentre as ideias defendidas, além de observar questões ortográficas. Após a recapitulação, demos início às reescritas. Durante esse momento, estive à disposição para auxiliá-los individualmente.

Ao final da aula, reservei um momento para que pudéssemos tirar algumas fotografias e anexá-las ao cartaz, juntamente com o texto argumentativo de cada aluno.

Reescrever é sobreviver!

Reescrever é sobreviver!

Nós e o fundo verde para as fotografias rs


Por que meninos têm pés grandes e meninas têm pés pequenos?

Na semana seguinte, a leitura do livro já havia sido realizada por grande parte dos alunos. Dessa forma, fizemos uma nova leitura compartilhada e, após esse momento, socializamos nossas impressões acerca do livro e de sua proposta.

Nesse encontro, ao mesmo tempo em que desenvolvíamos o contato com a leitura, refletimos sobre a imposição de estereótipos e o famoso bullying ocasionado quando as pessoas fogem desses padrões. Uma das alunas citou, na ocasião, que jogava futebol e, mesmo assim, alguns colegas (de ambos os gêneros) desacreditavam de suas habilidades pelo simples fato de ser uma mulher praticando um esporte dito masculino. Questionar esses papéis pré-definidos para homens e mulheres, como fez a aluna, é repensar a sociedade de uma forma mais inclusiva e igualitária.


Sobre essa desigualdade, ainda falamos sobre o problema dos salários desiguais entre homens e mulheres. Vimos algumas campanhas que reivindicavam a equidade de remuneração e analisamos a charge abaixo para refletir sobre a dita jornada dupla de trabalho que demonstram que apesar de a mulher receber menos que homens em determinados empregos, ela continua, muitas vezes, trabalhando mais, por ter de cumprir, ainda, com as atividades domésticas, assumindo para si uma carga que poderia ser compartilhada com o seu companheiro (no caso de mulheres casadas com homens). Ainda sobre a charge, observamos a relação entre a linguagem verbal e não verbal e verificamos que não só as propagandas utilizam desse artifício, mas outros gêneros textuais, assim como a charge.



Em um segundo momento, solicitei que os alunos iniciassem o momento de produção dos cartazes elaborando um texto argumentativo que expusesse seus posicionamentos a respeito da igualdade de gênero, levando em consideração tudo o que havíamos abordado em sala, tanto em relação à temática, quanto em relação aos conteúdos. Esses textos estariam presentes nos cartazes ao lado de suas fotografias.

Alunas e alunos produzindo na sala de vídeo.

Alunas e alunos produzindo na sala de vídeo.



Violência contra a mulher

Essa aula foi realizada no dia 7 de agosto, data em que comemoramos 8 anos da lei Maria da Penha. Nesse encontro, discutimos sobre os principais motivos que ocasionam esse tipo de violência, bem como suas formas de enfrentamento.

Em um primeiro momento, distribuí cópias de um artigo intitulado "Alguns números sobre a violência contra a mulher no Brasil", disponível aqui. Fizemos uma leitura compartilhada e, em seguida, refletimos sobre o conteúdo informativo presente no texto. Observamos que os dados estatísticos são uma grande ferramenta argumentativa e, infelizmente, nos apresentavam, naquele contexto, um cenário crítico de uma violência sistematizada e direcionada a um único gênero, considerado mais fraco, o gênero feminino. Destaco, aqui, algumas das pesquisas citadas:


" Violência Sexual no Brasil
Em 2011, foram notificados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação ) do Ministério da Saúde 12.087 casos de estupro no Brasil, o que equivale a cerca de 23% do total registrado na polícia m 2012, conforme dados do Anuário 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil (Instituto Avon/Ipsos, 2011)

Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica.
- Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência.
- 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso.
- 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema.

Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado (FPA/SESC, 2010)

- Cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos no país; 91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”.
- Uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.
- O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados".

Assim, observamos que a violência contra a mulher salienta ainda mais a desigualdade entre os gêneros, sendo um deles oprimido e o outro opressor. Esse tipo de violência é ocasionado pelo machismo vigente que permite a constatação de casos como esses em que homens relacionam mulheres a objetos de posse e de submissão. Após esse momento de leitura e reflexão, informei que, naquela data, comemorávamos 8 anos da lei Maria da Penha e, por esse motivo, seria uma ótima oportunidade para conhecer melhor essa mulher que nomeia uma lei tão importante para o combate a violência contra a mulher. Assim, assistimos a um vídeo que fazia um breve percurso sobre a história da grande guerreira Maria da Penha



Após o vídeo, vimos campanhas sociais comprometidas com o combate à violência contra as mulheres, identificando os argumentos, os slogans, os veículos, entre outros elementos constitutivos do gênero:

 
A campanha acima apresenta uma série de estatísticas que revelam números assustadores sobre a violência contra a mulher. Ao final, convoca a população a denunciar casos como esses.

 
Essa campanha demonstrava que o percentual de agressões contra mulheres aumentavam na Inglaterra quando sua seleção perdia um jogo de Copa do Mundo.


Não se cale! Denuncie.


Em um outro momento, dispomos as cadeiras em duas fileiras, uma de frente para a outra e promovi um debate para desenvolver a argumentação, dessa vez na oralidade. A questão norteadora era "violência contra a mulher: o que podemos fazer para combatê-la?". Muitos alunos divergiam em suas opiniões, no entanto, buscavam se utilizar de argumentos, inclusive, os apresentados em sala de aula para fundamentar seus posicionamentos. 

Ao mediar o debate, não interferi no conteúdo das opiniões proferidas, mas chamava atenção para a importância de utilizar argumentos sólidos que pudessem ser facilmente observáveis e comprováveis pelo interlocutor. 

A experiência foi muito significativa uma vez que os alunos estavam se apropriando da língua em sua modalidade oral a partir do uso socialmente situado de um gênero também oral (debate) - tão pouco utilizado em sala de aula - compreendendo, dessa forma, sua funcionalidade e a aplicação real.




Estrutura da propaganda e Campanha publicitária

Essa foi uma aula teórica sobre a estrutura de uma propaganda e definição do que seria uma campanha publicitária. Observamos os seus elementos constituintes como slogan, marca, logomarca, texto argumentativo verbal e/ou não verbal, produto, serviço ou ideia a serem propagados e público-alvo. Esse momento foi fundamental para fixar e definir tudo o que havíamos observado nas aulas anteriores. É importante que a estrutura de um gênero textual seja apresentada após um processo de (re)conhecimento. Dessa forma, o aluno apreenderá com mais facilidade o conceito de cada elemento constitutivo do gênero por já ter entrado em contato com ele previamente. Assim, exibi em slides algumas propagandas sociais questionando aos alunos onde se encontrava cada elemento do gênero e o resultado foi satisfatório: sem hesitar, muitos apontavam e justificavam suas escolhas, demonstrando que estávamos no caminho certo.

Sobre a campanha publicitária, aprendemos que esta não acontece sem finalidades, mas necessita de objetivos bem definidos. Além disso, vimos que toda campanha caracteriza um conjunto de anúncios que obedecem a esses objetivos traçados previamente. Nesse momento, pensamos na campanha que faríamos mais à frente e definimos o público-alvo que seriam todos os contatos dos alunos em suas redes sociais. Escolhendo esse público, consequentemente, o veículo também foi definido: seriam cartazes digitais que circulariam pelas ondas da internet por compreendermos que esse espaço é bastante produtivo por ter alto poder de difusão e propagação.


Em um segundo momento, entreguei a um dos alunos o livro "Por que meninos têm pés grandes e meninas têm os pés pequenos?" e solicitei que, durante toda a semana, cada aluno lesse o livro, que contém apenas 23 páginas, e repassasse para um colega, até que, na semana seguinte, todos tivessem lido. 

Trata-se de um livro infantil, da autora Sandra Branco, que questiona os padrões masculinos e femininos, colocando em xeque os estereótipos de gênero. Apesar de ser direcionado a crianças, a obra é fascinante e sugere, de forma simples, maneiras de promover a igualdade, desde de cedo. Por esse motivo, é um livro recomendado para todas as idades, já que o desejo de um mundo mais justo atravessa todas as fases da vida.








segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ditadura da beleza

Nessa aula, discutimos sobre a ditadura da beleza e a imposição de que mulheres sejam magras, bonitas e jovens a todo o tempo. Essa tal ditadura ocasiona a doença e morte de muitas mulheres, pois provoca a não aceitação do próprio corpo, afinal o padrão de beleza vendido em sites, revistas, novelas é fundamentalmente segregador e falso. Provavelmente, meia dúzia de mulheres, no mundo, vivem sem olheiras, rugas, celulites, estrias, com cabelos perfeitos, seios, pernas, glúteos fartos e ainda, sem nenhuma barriga. E mesmo sabendo desse fato, as pessoas continuam com essa cobrança cruel. Não é por acaso que tantas e tantas mulheres repitam a mesma máxima: "mulher nunca está satisfeita com o seu corpo". E como estaria? O mundo inteiro lhe dizendo o quanto está velha, o quanto é gorda, o quanto não se encaixa nos padrões falsos do Photoshop. Talvez isso seja querer demais, não acham?

Assim, vimos que a aceitação do próprio corpo e aparência torna-se um exercício de combate a essa ditadura que aprisiona mulheres no mundo inteiro. Esse exercício foi iniciado na própria sala de aula: exibi, em slides, fotos de famosas com e sem maquiagem para que pudéssemos observar o quanto a beleza é relativa e efêmera. Além disso, vimos que elas eram belas em suas particularidades, mesmo sem maquiagem, afinal de contas, quem naturalmente acorda com os lábios encarnados e os olhos delineados? Lembramos, ainda, que a maquiagem não é algo ruim, na medida em que você ESCOLHE utilizá-la. Quando você se vê OBRIGADA a estar "de cara pintada" a não aceitação da sua aparência caracteriza essa ditadura que estamos nos referindo e isso, sim, é bastante preocupante. 


Em um segundo momento, distribuí letras da música Nouveau Parfum, de Boggie, para que pudéssemos identificar os argumentos que embasavam o posicionamento da cantora sobre a ditadura da beleza. Após a leitura da letra, acompanhamos, também, o clipe, observando a linguagem não verbal que constituía um nível argumentativo elevadíssimo. Vejam:

 

O que escolher?
Por que escolher?
Quem quer que eu escolha?
Eu não sou seu produto.

Da beleza à preciosidade
Eles não podem me mudar
Sou incomparável, sou única.
A nova fragrância sou eu, o novo perfume.

É importante justificar que a linguagem não verbal compõe grande parte das propagandas, sociais ou não. Por esse motivo, esse conteúdo foi contemplado durante as aulas. Ainda sobre a linguagem não verbal, assistimos ao excelente curta-metragem Doll Face, verificando que, apesar de não utilizar palavras, a argumentação está explícita e contundente:


Assim, a partir da leitura da música e da exibição dos vídeos, observamos que não apenas as propagandas se utilizam da argumentação, mas diversos outros gêneros textuais. Relembramos que ela está em todo o processo de interação verbal, pois a todo o momento estamos querendo convencer alguém sobre algo: nossa fala é permeada por intenções. Com essas ressalvas, nos voltamos novamente ao gênero centro da sequência didática, a propaganda.

Exibi as propaganda das empresa Dove e Natura que discutiam a não aceitação que as mulheres desenvolvem sobre a sua própria aparência, revelando a opressão disfarçada de beleza e cuidado, existente na sociedade.

A segunda propaganda favoreceu a introdução de mais um conceito importantíssimo para qualquer produção textual: a coerência. Link: https://www.youtube.com/watch?v=VAoAgQ5t-8I
 
Chamei atenção para a contradição existente na propaganda, uma vez que o discurso presente critica os padrões de beleza, incentivando as mulheres a se desprenderem desses paradigmas criados pela mídia e a se aceitem em sua brasilidade e em sua diversidade. No entanto, ao mesmo tempo, destaca a importância de se estar na moda, além de propagar um cosmético que combate os sinais da idade, como rugas e manchas. Ora, se a mulher precisa se aceitar, promovendo, assim, sua autoestima, qual o motivo de querer inibir as ações do tempo, as quais não são motivos para vergonha? Houve, na argumentação, uma incoerência, uma contradição de discursos, fator que empobrece todo e qualquer texto argumentativo. Assim, ressaltei a importância de que cada aluno seja o próprio revisor do seu texto. Estará, dessa forma, evitando cair em contradições, problemas de ortografia e de coesão das ideias. A chave é sempre reler e reescrever!