segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sexo frágil?

Nessa aula, discutimos sobre a ideia de "sexo frágil". Inicialmente, vimos que gênero se difere de sexo, já que este está ligado a determinantes biológicos e aquele a determinantes socialmente construídos. Assim, observamos que "gênero frágil" seria mais apropriado para o tema. Em seguida, retomamos os conceitos de estereótipos, relembrando que muitos comportamentos ditos femininos podem ser moldados por convenções sociais. Mas, em que momento essas convenções se instauram nas relações interpessoais influenciando comportamentos? Essa foi a discussão que tecemos ao longo da aula.

No entanto, como não se tratavam apenas de aulas temáticas, mas de Língua Portuguesa, os conteúdos sempre estavam presentes - articulados aos temas - para que os alunos pudessem reconhecer suas funcionalidades para além dos muros da escola. Nesse encontro, o conteúdo era, além da linguagem argumentativa (abordada em todas as aulas), o (re)conhecimento do gênero textual propaganda. Aqui, vimos sua circulação em diversas mídias e suportes, além da sua função social. Em um primeiro momento, foram exibidos três vídeos, sendo dois deles propagandas de produtos veiculadas à desconstrução da ideia de "gênero frágil", a saber: Like a Girl, da empresa de absorventes Always e Princess Machine, da empresa de brinquedos Goldie Blox. 

O primeiro vídeo fala sobre a forma pejorativa pela qual a expressão "como uma menina" é utilizada.
"Você bate que nem uma menina", "Você joga que nem uma menina" são frases frequentemente utilizadas como motivo de escárnio e gozação entre pessoas, quando se referem a alguém que executa mal alguma tarefa dita masculina. Sobre a propaganda, Lauren Greenfield, cineasta e diretora do vídeo #LikeAGirl se posiciona:

"Em meu trabalho como documentarista, tenho testemunhado a crise de confiança entre as meninas e os impactos negativos dos estereótipos. Quando as palavras 'como uma menina' são usadas ​​para significar algo ruim, é profundamente incapacitante. Estou orgulhosa por fazer parceria com a Always para problematizar sobre a forma como esta simples frase pode ter um impacto significativo e duradouro sobre meninas e mulheres. Estou animada para ser uma parte do movimento que redefina a expressão 'como uma menina' em uma afirmação positiva". 

O segundo vídeo fazia referência à desigualdade entre os gêneros que inicia a partir da infância, momento em que meninas são apresentadas a brinquedos como bonecas, vassouras, pias, fogões e meninos a vídeo-games, quebra-cabeças e aos esportes, em geral, que estimulam o raciocínio e habilidades diversas. As garotinhas do vídeo questionam essa imposição naturalizada que acaba interferindo no futuro: obviamente, quem teve o raciocínio lógico aguçado desde cedo terá, muito provavelmente, facilidade com os cálculos e profissões ligadas a grande área das ciências exatas, majoritariamente masculina.

A proposta do brinquedo é estimular esse mesmo desenvolvimento do raciocínio lógico também em garotas, para que meninos e meninas possam disputar de maneira igual o mercado de trabalho no futuro. Vejam:

Por último, assistimos a um vídeo em que uma garotinha questiona a cultura sexista das indústrias de brinquedos:

A cada vídeo exibido, debatíamos a respeito dos principais argumentos utilizados nas propagandas, refletindo sobre a desigualdade. Introduzimos nesse momento, o conceito de propaganda social que tem a função de prestar um serviço de utilidade pública à população, orientando-a sobre problemas ligados à vida pessoal e coletiva. Para tal, apresentei, em slide, algumas propagandas sociais ligadas a campanhas antitabagismo. Vimos, assim, que as propagandas são gêneros importantíssimos para a sociedade por circularem em diversos espaços e mídias, além de possuírem caráter essencialmente argumentativo e informativo, podendo contribuir no combate a injustiças sociais, como a desigualdade entre os gêneros.Vimos, ainda que o dito "sexo frágil" nada mais é que uma construção imposta historicamente à figura feminina que, desde a infância, é condicionada a corresponder a essa expectativa de gênero.

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